quinta-feira, 12 de março de 2009

Mercury drops labyrinth.


"(...) fiquei tentando colocar a gota de mercúrio dentro do labirinto. Continuei a tentar no avião, mas as sacudidelas faziam a gota esbarrar contra as paredes da caixa e partir-se em infinidades de novas gotas. Tentei no táxi, impossível. Colocar a gota inteira dentro do labirinto, sem que se dividisse em muitas outras, exigia concentração absoluta e quase total imobilidade. Esperei até chegar em casa, de repente tinha-se tornado questão de vida ou morte conseguir aquilo. De vida ou morte era exagero, mas de sanidade ou loucura não. Chegar ao centro, sem partir-se em mil fragmentos pelo caminho. Completo, total. Sem deixar pedaço algum pra trás."

Caio Fernando Abreu.

Mercury drops... eu fui em uma festa no final de semana passado na casa de minha amiga Reggie, acabei dormindo por lá, acordei no domingo, e me deparei com aquelas coisinhas de fazer bolhas de sabão. Eu comentei com o Daniel (marido da Reggie) sobre brinquedos antigos enquanto tentávamos fazer bolinhas dentro de bolonas de sabão (tentamos o dia todo, mas só na hora de ir embora que deu certo). E me lembrei que adorava aquela gota de mercúrio dentro do labirinto de plástico, achava aquilo lindo! Comecei a procurar na internet pra comprar, mas deve ter sido proibido por ser tóxico essas coisas... E encontrei esse texto. A partir dele encontrei poemas portugueses.... e talvez assim tenha me encontrado também.

Estou apaixonada no momento, por algumas poucas pessoas, por muitas coisas, por minha nova cidade, e pelos meus novos desejos e anseios...
Preciso de algo lúdico, para equilibrar os parafusos soltos. Como não encontrei meu labirinto com gota de mercúrio, crio o meu próprio pra brincar, e como não sou egoísta, divido isso com todos que se interessem.
Repartindo-me em várias, e unindo tudo de novo, no centro...
Fluida, metálica e principalmente:
Tóxica.

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