sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Morte às muriçocas!



Eu ODEIO esse bicho burro. Pra quem não sabe o que é esse infeliz, é o tals pernilongo pra vocês daí do Sudeste (todo mundo tirava onda com minha cara quando eu dizia muriçoca)
Que diabos esse bicho pensou que precisava ficar cantarolando no ouvido alheio enquanto o seu parceiro de crime lhe pica em algum lugar que está de fora das cobertas descuidadamente... Ainda mais nesse lugar que apelidei educadamente de "Inferno na terra sem mar" que a gente quer dormir peladão pra sentir a brisa e dormir em "peace and love". No inverno quando estamos quentinhos e livres delas embaixo do edredom elas nem dão as caras.
Putz, juro que se as muriçocas se comunicassem, eu diria:
Meu, dou o quanto de sangue eu puder, mas dá pra calar e me deixar dormir kct???
Que natureza perfeita é essa que inventa um sistema de ataque sacana desses??? Sei lá, que fossem inteligentes de uma vez e atacassem um banco de sangue, armassem uma gangue, sei lá.
Ódea.

Eu tenho um profundo prazer em eliminar uma a uma que cantou no meu ouvido em uma sede de vingança digna da Kill bill. E escutar ela caindo depois de um spray de veneno, diminuindo seu barulho infernal até chegar ao chão e espernear até a morte.
ZZZzzzz... zzz ... z...s.
Ou então com os barulhos de tecido molhado, que acordam a casa toda, atirando nos alvos dispersos nas paredes, bem pelas costas mesmo, aquilo se torna um motivo de vida ou morte. Vida minha e morte às muriçocas, claro.
Ainda há uma nova arma fantastique (ótima para alérgicos como eu) pra essas simpáticas e cantarolantes adversárias do sono tranquilo:
A raquete elétrica! É quando entra em cena o exercício máximo do sadismo, tem os botões deliciosos de On/off, vem em múltiplas cores, custa uma merreca... Daí você está deitado e fingindo dormir com a raquete ao lado da cama, e lá vem a fanática zunindo alegremente toda saltitante e A-HÁAA. Dzzi. Huahuahahau.

EU acabo por perder a noite me refestelando em vingança desenfreada, e depois de hooooras, muito suor, muito sangue (sempre o MEU), me sinto ao final de uma guerra...olho pro remédio pra dormir encima da mesinha... E noto que já não preciso mais dele.
Durmo como um anjo com sorriso na cara de quem ganhou a guerra.
Uaaaah.

Lilith.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Maconha no Butão



Fiquei impressionada em saber que o rei do Butão tem toda sua política voltada para o desenvolvimento da felicidade de cada ser da população de lá.
Ele diz que o foco das coisas está errado... que o desenvolvimento não pode ser baseado no crescimento econômico, mas sim focado no que todo mundo deseja mais na vida. O que no caso, é a felicidade.
Juro que fiquei com inveja. Achei lindo.. não sei se é muito utópico, pois perguntam a ele sobre a questão de não venderem nada de tabaco por lá. Ele responde que as pessoas são levadas a entender que o tabaco faz mal e com o ambiente proibitivo ajudando, elas param.
Em compensação... eles tem pés e pés de maconha simpáticos aos montes crescendo nas ruas e estradas do Butão. São usados para alimentar principalmente os porcos.
Eu sou doida num porquinho... Já tentei ser do bem e não me alimentar de carne. Mas sou carnívora mesmo. É instintivo. Esse porco deve ser feliz demais... Só comer e dormir. O ministro da agricultura (acho que foi ele mesmo, foi alguém do governo) uma vez disse que o Butão era o único lugar do mundo onde os porcos "voavam".
kkkkkkkkk, a carne deles deve ser ótima...
Porquinhos felizes, zuper "no stress". Tudo porquinho doidão.

Perdido e não encontrado.



Existe um ponto em um relacionamento de amor, onde simplesmente os dois amantes se perdem um do outro.
Duas pessoas juntas, continuam crescendo. Muitas vezes acontece de cada uma crescer para um lado diferente. Se tornam outra personalidade diversa daquela que encantou, que seduziu. E de repente... Não falam mais a mesma língua.
Esse momento sempre é trágico. Doloridíssimo.
É quando surge a questão: isso é passageiro? Quando essa pessoa vai voltar a ser quem eu amo? Vamos continuar? Vamos dar um tempo?
Só que aí você já se acostumou a acordar com aquela pessoa... com o cheiro dela... ai que preguiça de ficar sozinho... Quem vai cuidar de mim? Quem vai saber o que eu gosto e como eu gosto? E você continua gostando dela de alguma forma.
E a pessoa NÃO volta a ser quem era. E os anos passam. E você continua insatisfeito.
Se você continua neste pseudo relacionamento, tem a chance de esgotar completamente seu amor pelo outro. Se você simplesmente se afasta e espera o outro tomar a posição de melhora, meu, esqueça!
NADA volta a ser como antes. Você só se enrolará mais e ficará mais confuso das idéias. Hoje em dia, depois de apanhar muito da vida, tomo uma precaução: eu esgoto meu sentimento antes de terminar o relacionamento, pois aí quando termina, termina. E você não deixou de dar todas as chances necessárias para que o amor sobrevivesse, mas saímos livres como pássaros. E o melhor: você não envolve outras pessoas nos SEUS problemas. (Vamos combinar que isso só causa mais confusão no planeta.)
Tem coisa pior do que dar tempo, sabendo que gosta de outra pessoa, e daí vem outra que te balança, ela se envolve com você, mas você ainda pensa na outra, mas começa a gostar de fulano, ou, pára tudo!
Aconselho a todos que se resolvam primeiro com quem ainda está no coração e nas lembranças.
A gente acha que consegue separar sexo diversão x sexo apaixonado, só que na hora que rola coisa boa, o sexo foi lindo e a companhia foi ótima... pronto! Misturou tudo de novooo!
OU pelo amor de Deus! Que zona... e de risco!
Eu deveria ter seguido a carreira de papai: Psiquiatria... ou psicologia. Já estaria rica. Afinal, nos nossos tempos só podemos ser honestos sem sermos massacrados quando pagamos alguém pra nos ouvir e só acreditamos nas verdades de gente estranha.
Será que preciso de terapia?
Não... Acho que sou louca mesmo. Não consigo ser como a maioria. Acredito no que penso, no que sinto... sem ajuda de ninguém. Quer dizer, meu tico e meu teco trocam altas idéias (a esquizofrênica ouvindo vozes...kkkk)
Só que no meu caso particular, tem explicação: eu desconfio desses sistemas de solução para a vida que você paga com cartão, marca hora pra alguém te ouvir e toma remédios para acordar, para ser feliz durante o dia e depois outro pra dormir.
Meu pai era psiquiatra e morreu suicida, coitado. E todos os outros que conheço são muito mais pirados do que eu.
Acho mais legal e divertido filosofar na mesa do bar... e quer saber?
Funciona.
Desligar resolve tudo o que a gente liga.

Lilith Blue (in off)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Coisas da fazendinhaaaa

Pois éh, eu sou administradora da farmville da minha mãe. Bom, ela plantou um treco, e daí perdeu, e ela teve q tirar... daí ela falou: a morning glory que perdeu tava na cerquinha... perto das vacas. E respondi: mãe. Chuchu que dá na cerca!!!! kkkkkk, e ela respondeu: Morning Glory tbm!!!!
É mesmo.
Morning Glory tbm dá até na cerquinha, rs.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Opior

"O pior dos problemas da gente, é que ninguém tem nada com isso."
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, muito bom.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pílula de Caio Fernando Abreu do dia

"Amor não resiste a tudo, não. Amor é jardim. Amor enche de erva daninha."
Caio Fernando Abreu.

Eu que o diga. Eu sempre comparei amor com planta. Tem que regar, tem que cuidar.
Ou ACABA. Morre mesmo por falta de cuidado.
That's it.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Tre storie di gatti.



Desenho do Guido Crepax pra capa de disco infantil italiano. Super fofo.
Adoro o selo. (Baffo n 1) ksc.
Nem sei se já postei isso.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Amar pede uma postura ativa.

Somos co-autores (não vítimas) de tudo o que nos acontece. Nossas vidas são obras de arte coletivas: hipertextos, filmes, canções, telas, esculturas, fotografias de nós mesmos, por nós mesmos.
Mas se infelizmente seu medo superou seu amor, sua contração foi maior que sua abertura...
Você jamais saberá o que é envelhecer junto. Construir uma família de verdade. Relacionamento tem que ser baseado em PARCERIA. Não EXISTE relacionamento se não há troca. Se te largam na chapada. Quando nos contraímos, é extremamente difícil aproximar uma pessoa que seja uma parceira de verdade. Geralmente atraímos quem tem tanto medo quanto a gente... ou botamos pra correr de nossas vidas quem poderia ser legal.

Meu, se você não tem alguém do seu lado que te acompanhe, que te estimule a ir adiante, que te admire, que ria de todas as bobagens do mundo do seu lado...
ESQUEÇA. Essas são coisas que duram pra vida toda. O resto é o resto.
As pessoas amadurecem em "levels" diferentes.
Infelizmente... quando achamos que aquela pessoa que está do lado é a importante... ela simplesmente passa a sentir necessidades de outras coisas. Muda seus objetivos mais escondidos. E você fica deslocado neles. Meu, esquece.
É triste quando acontece, mas no fundo a gente sabe, por mais que esperemos dessa pessoa, que ela JAMAIS voltará a ser o que era antes. Não adianta esperar por ela, como se nada tivesse acontecido e tudo voltasse ao início.

O que você quer de alguém pra ficar ao seu lado?
O que você quer de você?
Quem vai criar seus filhos, se é que quer tê-los. Como?

Casal sem objetivos em comum vai a falência.
Não devemos nos fazer de tolos.
Tenha uma postura ativa diante de seus sonhos e desejos.
Eles vão corresponder.

Eu fiz um pedido no ano passado. Foi besta, mas o delivery foi tão rápido que não deu tempo de mudar o pedido. Estou acrescentando as coisas realmente importantes pra mim em alguém nesse instante. E mais importante do que alguém nesse momento, sou eu mesma. Ainda estou um trapo. Cansada pra caralho.
Estou pagando muito caro por coisas que não valeram a pena em absoluto, mas pelas quais eu tinha que passar.

B. F.

O que separa, nos une

Se quiser conversar, me liga. Se quiser me ver, me chama.
Não façamos do que aproxima, o que afasta.

Aninha de novo... Perfeito.

A passividade e falta de atitude, faz afastar coisas, situações e pessoas que deveriam estar por perto da gente. Que poderiam ser nosso apoio.

Um medo de se doar que Deus me livreee!

Rebeca

Eu tenho certeza.
A Rebeca de Cem anos de solidão É capricorniana.
Para comprovar isso por completo ela ainda come terra nos seus ataques de ansiedade, não suporta a passividade do Pietro Crespi e enlouquece com a masculinidade de José Arcadio...

I put spell on you!

Mais nocivo do que alguém que não quer você... é alguém no seu pé. TEM COISA PIOR?

Tem tanta gente que ganha dinheiro às custas da infelicidade alheia.
"seu ex em 72 horas por 100 reais", "seu amor de volta", af.

Eu jamais faria uma coisa dessas pois penso como disse acima. Eu vou lá fechar as portas pro destino? C besta, meu.

Certa altura você se apaixona por outro mais loiro, mais lindo, mais alto, mais "bem" e daí o sapo que era príncipe volta a ser só um sapinho fazendo "croac" o dia inteiro no seu ouvido sensível, na lagoa da SUA casa.
O que enjoa qualquer ser humano. blergh.
Detesto gente que pega no pé. Não gosto de flores comuns. Gosto de gente que me faz sonhar. Acordada ou dormindo. E também respeito por quem me apaixono, pois lutar por uma pessoa é uma coisa, grudar é outra, NINGUÉM merece.

Deixe estar... que o que for pra ser vigora.

Ganhar dinheiro às custas do stress, da insegurança, e da falta de amor. Ansiedade de soluções abstratas em cápsulas rotuladas com cores diferentes.
Não condeno a Igreja Universal. Eles "vendem" fé em cápsulas, a fazem pessoas pagarem por esperança. Mas tem gente que precisa disso pra encontrar o caminho, fazer o que? Outros precisam de terapia. Outros de livros...

Males do mundo moderno solucionados com métodos atemporais: magia, encantamento, banhos de ervas e uma boa conversa.

(sai ano, entra ano, morremos, temos filhos, envelhecemos, adoecemos, mas a busca sempre será a mesma. O que não controlamos em nossas vidas)
ksc.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Penélope, a depiladora.



Comecei zzuper bem meu ano, com um reveillon chique, comida ma-ra-vi-lho-sa, discreto e cheio de ótimas conversas... Uma puta ressaca e eu no computador atrás de receita de cera depilatória pois tenho histórias particularmente terríveis sobre tal assunto, e não confio em qualquer pessoa pra, enfim, esse tipo de função.
Aliás, uma delas eu gostaria de ter a coragem de escrever aqui no blog, mas é muita exposição da minha figura, num dá, meu.
Enfim, entrei num fórum com uma receita de melado com suco de saquinho e achei engraçado, fui ver como era. Eis que me deparo com a melhor resposta e ao invés de ME expor, decidi por expor a coitada da Abigail....ksc.:

DEPILANDO A PENÉLOPE...

"Tenta sim. Vai ficar lindo."

Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve.

Mas acho que pentelho não pesa tanto assim. Disseram que meu namorado ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa. Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria. Mas não esperava que por trás disso, e bota por trás nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecológica-estética.

- Oi, queria marcar depilação com a Penélope.

- Vai depilar o quê?

- Virilha.

- Normal ou cavada?

Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas já que era pra fazer, quis fazer direito.
- Cavada mesmo.
- Amanhã, às... Deixa eu ver...13h?
- Ok. Marcado.

Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, porque sabia lá o que me
esperava, coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui. Assim que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba, vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado. Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas. Por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com O Albergue. Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão. Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.


- Querida, pode deitar.

Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca.
Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura. Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo. De repente ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou
bem forte.

- Quer bem cavada?


- .é... é, isso.


Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail, nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.
- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda.

- Ah, sim, claro.

Claro nada, não entendia por ra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei.

De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça).

- Pode abrir as pernas.

- Assim?


- Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado.

- Arreganhada, né?

Ela riu. Que situação. E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha Virgem. Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar.

Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive coragem de olhar.
Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o Sandu. Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural.

Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais.

- Tudo ótimo. E você?

Ela riu de novo como quem pensa "que garota estranha". Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes.

O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.

- Quer que tire dos lábios?

- Não, eu quero só virilha, bigode não.

- Não, querida, os lábios dela aqui ó.

Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios ? Putz, que idéia.
Mas topei. Quem está na maca tem que se fu der mesmo.

- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor.
Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.

- Olha, tá ficando linda essa depilação.

- Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto.

Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo. "Me leva daqui, Deus, me teletransporta". Só voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça.

- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá?

- Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.
Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.

- Vamos ficar de lado agora?

- Hein?

- Deitar de lado pra fazer a parte cavada.

Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens.

- Segura sua bun da aqui?

- Hein?

- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda.
Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, pei dar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria:
- Tudo bem, Pê?
- Sim... sonhei de novo com o c u de uma cliente.

Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks. Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei que ela deve ver mil c us por dia. Aliás, isso até alivia minha situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento:
peraí, mas tem cabelo lá?
Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera. Achei que a bun da tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto.

- Vira agora do outro lado.

Por ra.. por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha. E então, piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina.

- Penélope, empresta um chumaço de algodão?
Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem?
Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo Penélope. E agora a vizinha inconveniente.

- Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha.
- Máquina de quê?!
- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.
- Dói?
- Dói nada.
- Tá, passa essa
me rda...
- Baixa a calcinha, por favor.
Foram dois segundos de choque extremo. Baixe a calcinha, como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao c u. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.

- Prontinha. Posso passar um talco?
- Pode, vai lá, deixa a bi cha grisalha.
- Tá linda! Pode namorar muito agora.

Namorar...namorar... eu estava com sede de vingança. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso. Queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada.

Eu ra-chei o bico de rir, kkkkkkkkkkkkkkk