Traz-me um girassol...
Mas com terra, com raízes.
Traga-me, pra que eu tenha
um sol brilhando em minha vida.
E possa cuidar dele,
com todo carinho
que não consigo mais segurar em mim...
Girar, girar, girassol.
Roda da fortuna ingrata,
que me faz querer girar
sem ter um centro.
Meu centro é o sol.
Mas o sol é você.
Traga logo essa droga de girassol!
pra que eu me lembre,
pra que eu te esqueça.
Lilith Blue.
sábado, 21 de março de 2009
Lua de fel, o amor e sua inevitável decadência...
Ontem assisti de novo o um dos filmes que mais adoro e um dos diretores que mais amo: Lua de Fel de Roman Polanski. Adoro a biografia dele, e também seus filmes. Este fala do amor em todas as fases: interesse, romance, sexo, rotina, e total decadência... Ao final, o personagem de Peter Coyote olha pra sua amada e diz: "Nós só fomos gananciosos demais, anjo, that's all... ".
É difícil mesmo, pois quando estamos querendo alguém, ninguém nos segura, dá uma urgência de estar com o outro, um desespero, que parece que não dá pra viver sem... Queremos nos transformar no outro (o cúmulo do egoísmo com subserviência, não?).
Sempre fui muito gananciosa com o amor.
Mas ultimamente conversando e observando tudo que há, os casais que seguem felizes "pra sempre" são aqueles que parecem conseguir dominar essa ganância toda de estar com o outro, e cultivam o amor em si mesmos.
Reencontros, expectativas guardadas, sonhos nunca revelados...
Conheço casais que por anos, ficaram longe um do outro, e quando se encontram, é como se o tempo não tivesse passado... Como no "Amor nos tempos do cólera".
Como se um laço invisível os unisse, e soubessem que no fundo, no fundo... estão juntos.
Um É do outro. O desespero desaparece, com essa certeza intangível.
E sem o desespero, surgem os momentos mágicos...
Esses são feitos de encontros e desencontros necessários para criar a atmosfera de "eterno"... Ao final, a eternidade do amor está no pensamento. Na cabeça. Nas lembranças cultivadas com o maior cuidado...
Em compensação... os que queimam a caixa de fósforos toda de uma vez, acabam com a pólvora muito rápido, mesmo que o fogo seja intenso... E as lembranças? As esgotamos enquanto acendemos os palitos. Junto com elas toda a magia de algo que poderia ser vivido....
Mas lá no fundinho é o coração quem decide e separa as coisas... Quando sentimos que a pessoa é A pessoa, não deixamos que isso aconteça... pois queremos manter as sensações sentidas e não botamos um ponto final. Pois nem sempre estamos inteiros pra nos entregarmos... E por que nosso coração fecharia as portas?
O problema é a razão querer atrapalhar tudo, tentando ter domínio sobre o que idealizamos pra nós.
Confundir o ideal, com o que é tão mais simples: o que se apresenta e nos encanta sem sabermos o porque.
Quero ficar inteira. Sair da alcova do coelho e voltar pra casa...
Só assim eu poderei tomar chá com meu amor e meus amigos, e filhos e pessoas de verdade, ao invés de tomá-lo com o Chapeleiro maluco e seus amigos mais malucos ainda.
Quero outra viagem.
E preciso me preparar pra ela...
Divagações de Lilith.
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