terça-feira, 27 de maio de 2014

Gente, gente demais.

Liberdade é algo pela qual lutamos o tempo todo. De expressão, de estilo de vida e outras liberdades. O preço por ela é tão alto que por incrível que pareça: quanto mais solitários estamos na jornada, mais livres estaremos. Incrível como muita gente à sua volta pode ser opressor. E caramba, se libertar da idéia de que precisamos de alguém com a gente... Ser livre é ser você, completo sem se deixar instigar, filtrar o que dizem, filtrar quem está perto, filtrar.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Dá uma vontade de correr, correr, correr.... como em Wilderness Downtown do Arcade Fire. Mas quando tento começar, em minhas juntas não existe mais cartilagem amaciando qualquer movimento. Eu forço e os ossos se arranham, barulho como o das unhas sobre parede pintada sem verniz, agoniante, desgastando as células ósseas... Não dá pra correr. Não dá para ficar estática, que o arranhar continua, lembrando que a alma também está riscada, assim mesmo continua se arriscando para se salvar do nada. O nada corrói tudo. Sonhar, insistir, correr mesmo assim ainda leva a qualquer lugar melhor do que isso. Respirar. Amortece também, me lembrei.

terça-feira, 18 de março de 2014

Autoestima.

kkkk.
"Defeitos". Algumas coisas vistas como "defeitos" são o alicerce do carisma e da individualidade expressada. São encantadores, nunca gostei de gente "perfeita". E qualquer pessoa que não acreditar em si mesma com tudo o que é, e o que a constrói como ser pensante e atuante, não vale a pena. Também não vale a pena quem não "acredita" em como ela é, pacote completo. É fácil dizer: "eu gosto disso em vc, odeio isso em vc, dá pra tirar cirurgicamente o que odeio?" Somos inteiros, com coisas ruins, com coisas boas... tentar separar isso em alguém é o cúmulo do egocentrismo. Por vidas equilibradas, pelamor. Não existe nada fácil nesse mundo. Flexibilidade permite leveza, o planeta não gira em torno de mim. Nem em torno de você. Nem do outro. Sejamos leves e mais felizes!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Nada, nada.

Lembro de ver o filme "Neverending story", onde me assustou a idéia do "nada", um grande nada, destruir idéias e sonhos. Nada assusta mais que o vazio. Vazio. Melancolia e dor ainda produzem imagens belas e atrativas... bobagens românticas também. Mas o vazio. O Nada. Nos devora a alma. Não dá vontade de voar, nem de gozar, nem de viver, nem qualquer idéia criativa sobre como deixar esse mundo... É a coisa mais assustadora que existe. Quem criou o argumento desse filme sabia o que estava deixando de mensagem. Morremos de anestésicos. Grandes artistas morrendo ao procurar se anestesiar de tudo e de todos. O futuro é o nada. Desejamos o nada. É tudo tão cansativo. Ser ótimo, ser tolo, ser do contra, ser a favor, lutar, todo santo dia para ser quem somos sem medo da fogueira hoje, internética. Virtual, porém queima como qualquer fogo da época da inquisição. Tudo tão ridículo. Procurar liberdade nesse fogo todo. Mais fácil tomar uma cartela de Rivotril, anestesil, puta que parils. Entrar em coma, como se pudéssemos só sentir em volta. Sem decisões, sem ter que provar droga alguma. Sem ter que usar tantas máscaras indesejáveis. Em alguns momentos eu desejo mais o fogo me devorando viva por ser mais honesto. Me queimem, afinal. Fogo purifica. Quem sabe possamos ser salvos para ao menos a próxima encarnação...

Louca.

Eu não sou louca. Apenas sinto demais tudo que há para sentir... Não é fácil de compreender.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Onírico

Veio num sonho, certa noite. Ela o amava. Ele a amava também. E ainda que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia dentro do sonho, era simples. Boa, fácil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo. Dormiam juntos, no sonho, porque era bom para um e para outro estarem assim juntos, naquele outro espaço. Não vinha nada de fora, nem ninguém. Deitada nua no ombro também nu dele, não havia fatos. Dormiam juntos, apenas. Isso era limpo e nítido no sonho que ela sonhou aquela noite. Deitada no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo. Esse era o sonho, nada mais. E isso, mais tarde saberia, era o único fato do sonho inteiro: via o rosto dele muito próximo. Como um astronauta prestes a desembarcar veria a face da lua, mal reconhecendo o Mar da Serenidade perdido em poeira cinza, assim ela o via naquela proximidade excessiva, quase inumana de tão próxima. Fechasse os olhos — mas não os fecharia, pois já estava dormindo — guardaria contra as pálpebras cerradas um por um dos traços dele. Crateras miúdas com negros fios de barba despontando duros de dentro delas, molhadas gretas polpudas além das quais brilhava o branco duro dos dentes. Coisas assim, ela via. E de olhos abertos, embora fechados, pois sonhava, protegia-o, protegiam- se no meio da noite. Tão simples, tão claro. E de alguma forma inequívoca, para sempre. Talvez ele tivesse passado um dos braços em tomo da cintura dela, quem sabe ela houvesse deitado uma das mãos sobre o ombro dele, erguendo os dedos até que tocassem no lóbulo de sua orelha. Em todos os dias que se seguiram à noite daquele sonho, e foram muitos, honestamente não saberia localizar outros detalhes. Pois enquanto dormia, naquela noite, tudo era só e apenasmente isso: dormiam juntos. No centro da noite, no meio do sonho, no outro espaço.