domingo, 6 de setembro de 2009

Docinhos vintage



Estava conversando agora há pouco com minha sócia, sobre docinhos que me levam pelo túnel do tempo.
Ela falou algo como "machadinha", rs, que vendiam na porta do colégio dela quando era criança, e daí pensei: isso deve ser a tal "puxa"...
Conheci esse docinho através de minha tia Jeceny, que voltando do nordeste os trazia na mala diretamente do Piauí. Enrolados em papel celofane, compridinhos, era só desembrulhar e puxar com a boca. Uma coisa meio besta, já que a tal puxa é somente melado de cana batido, ficando perolada, uma cor linda!
Isso me lembrou uma série de coisas: da minha mãe falando das "figuras doces" que eram bichinhos, bonecas, coloridíssimos e vítreos, com aparência delicadíssima, lembrando murano de Veneza. Açúcar moldado com corantes, vazados. Só vi uma vez quando era pequena em um ônibus indo para o trabalho da minha mãe.
Nunca mais esqueci.
Eu também amava as rosquinhas húngaras que minha mãe fazia nos sábados a tarde, quando eu ficava assistindo ao Chacrinha com sol de final de tarde atravessando a janela da sala, e aquele cheirinho de padaria... cheiro de calda de leite docinho com coco, igual aos de enroladinhos de queijo. Era assim que eu esperava a aparição do minha paixão na época, o Luís Gonzaga cantando "xote das meninas". (acho que toda criança gosta dessa música...meu filhote amava também)
Ai e a última "memoire" de hoje: geladinhos da minha avó Eulina! Sempre que eu visitava meu pai antes do meu avô morrer, brincava com a molecada na rua de queimada, e minha avó fazia geladinhos ma-ra-vi-lho-sos. Aprendi com ela, e quando dá saudade faço um monte... Ela também fez uma vez a tal "palha italiana" que eu nunca soube o que era até me mudar pra SP esse ano e comer uma.
Meu deus! Fiquei viciada na tal. Lógico, fiquei por anos tentando saber o que era, kkkkk. Minha memória gustativa é uma coisa... Se como algo que amo, não esqueço nunca mais.
Por isso gosto tanto de cozinha. Não gosto de perder os sabores no tempo e no espaço, gosto de guardá-los comigo. Ser dona das lembranças que me trazem...
É como na história do Hans Andersen, "A menina dos fósforos", que morro de chorar todas as vezes.(mommy me mostrou uma versão linda que posto junto deste texto)
Eu acendo os fósforos uma a um para viajar nas lembranças perdidas no inconsciente, trazendo-as à tona sempre que posso.

Mas igual ao filme "Como água para chocolate", não se deve acender toda a caixa de fósforos de uma vez. Afinal, eles acabam.
Deviam criar uma espécie de doceria "vintage" né?
Com uma espécie de "cultura" dos doces de infância, vendendo tudo o que foi perdido no tempo...
Decorada com bonecas de celulóide incendiárias.

Lilith imaginativa.

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